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Gênese do Serviço Social

   Toda profissão surge a partir da emergência de alguma demanda social que a faz necessária. As profissões são criadas e legitimadas no interior das sociedades e buscam suprir a ausência de ações e atividades que possam solucionar problemas ou melhorar a vida das pessoas. O surgimento do Serviço Social enquanto uma profissão não foi diferente. O Serviço Social surgiu a partir da necessidade de se aprimorar ações de caridade e transformá-las em práticas eficazes e competentes que pudessem minimizar mazelas sociais. 

   Como e por que ou para que surge uma profissão. Em primeiro lugar é quando ela se torna socialmente necessária e as práticas profissionais se gestam no labor cotidiano. Antes de serem instituídas, as profissões se legitimam pela sua eficácia social e/ou política. O Serviço Social também começou assim. 

   Não há como compreender a origem do Serviço Social sem relacioná-la aos primórdios do capitalismo, pois a profissão emergiu e se desenvolveu a partir da expansão do sistema capitalista e do consequente aprofundamento das contradições sociais. 

   A origem do Serviço Social como profissão tem, pois, a marca profunda do capitalismo e do conjunto de variáveis que a ele estão subjacentes – alienação, contradição, antagonismo – , pois foi nesse vasto caudal que ele foi engendrado e desenvolvido. 

   O crescimento urbano e industrial ocorrido nos primórdios do século XIX geraram o aumento da miséria e da pobreza. Com isso, ações filantrópicas realizadas pelas instituições religiosas e também pela sociedade se intensificaram. Além disso, alguns ramos da ciência, como por exemplo, a Sociologia, iniciaram estudos buscando compreender o fenômeno social que vinha emergindo concomitante à expansão capitalista: a questão social.

   A história do Serviço Social pode ser melhor compreendida no livro escrito por Maria Lucia Martinelli, intitulado Serviço Social: identidade e alienação, no qual a autora cita que “as condições peculiares que determinaram o seu surgimento como fenômeno histórico, social e como atividade profissional, e em que se produziram seus primeiros modos de aparecer, marcaram o Serviço Social como uma criação típica do capitalismo, por ele engendrada, desenvolvida e colocada permanentemente a seu serviço, como uma importante estratégia de controle social, uma ilusão necessária para, juntamente com muitas outras ilusões por ele criadas, garantir-lhe a efetividade e a permanência histórica."

   Para compreendermos com mais clareza como ocorreu a racionalização da assistência social e sua transformação em profissão, faz-se necessário estudarmos a expansão do capitalismo e o surgimento da questão social como disparadores do surgimento do Serviço Social.


Referências

IAMAMOTO, Marilda; CARVALHO, Raul de. Relações sociais e serviço social no Brasil. Esboço de uma interpretação históricometodológica. 40ed. São Paulo: Cortez, 2014. 

MARTINELLI, M. L. Serviço Social: identidade e alienação. 16ed. São Paulo: Cortez, 2011.

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